A mais elevada sabedoria do Budismo mostra-nos a necessidade de permanecermos atentos, sempre muito atentos, em relação a todos os nossos atos, por mais insignificantes que nos possam parecer. Aliás, a ideia de significância ou de insignificância é puramente subjetiva. Porque tudo é significativo. Mas, para que tudo seja para nós significativo é necessário que lhe prestemos a melhor atenção:
"O Mestre Zen, Tan-In, tinha um discípulo, Tenno, que, depois de estagiar consigo durante dez anos, o fora visitar. Era um dia chuvoso. E Tenno, deixou à entrada os tamancos e o guarda-chuva. Quando entrou, Tan-In perguntou-lhe: De que lado deixaste os tamancos? À esquerda ou à direita do guarda-chuva?" O discípulo hesitou, confuso. E como não fosse capaz de responder imediatamente, o Mestre exigiu que ele ficasse mais dez anos a estagiar consigo." Nós, porém, estamos quase sempre desatentos em relação aos nossos atos. E até atribuímos, às vezes, uma certa importância a essa distração, como sendo um privilégio dos sábios e dos génios. Diz-se que Einstein era tão distraído que um dia, quando esteve nos E.U.A., se esqueceu da sua própria morada. Então, dirigiu-se a uma estação dos Correios e perguntou à funcionária onde residia Albert Einstein. E a empregada, por sua vez, perguntou: "Mas o senhor conhece Albert Einstein?" E ele respondeu de imediato: "Sou eu mesmo". Diz-se também que Edison, no próprio dia do seu casamento, se refugiou na oficina, a fim de prosseguir as experiências que estava a realizar sobre a lâmpada elétrica. E por ali ficou durante muito tempo, inteiramente concentrado na sua investigação, até que, surpreendidos pela demora, os amigos foram procurá-lo: "Então, não compareces na igreja? Está toda a gente à tua espera..." Dando conta da situação, Edison desceu subitamente à realidade e exclamou: "É verdade, eu hoje casei-me!". Custa a crer. Mas, sobre este género de distrações há muito que dizer... Talvez não se possa falar propriamente em desatenção. Antes, pelo contrário. Talvez se trate de uma forma suprior de atenção. Pois, quando se está profundamente atento em relação a um determinado assunto, exclui-se do campo da consciência todos os outros assuntos. Mas isso é considerado geralmente como distração, e os Mestres do Zen não aceitam essa atitude. Para concluir, e para ilustrar melhor esta ideia, deixo esta história engraçada: "Num avião, seguiam três passageiros: um génio, um escuteiro e um bispo. A certa altura, o avião teve uma avaria; e o piloto anunciou que deviam abandonar o aparelho. Mas, como só havia três paraquedas (e o piloto ia usar um deles), restavam somente dois. Ora, os passageiros eram três. Tinham portanto de decidir quem se salvaria... O génio disse: "Como faço falta à humanidade, acho que me devo salvar!" Pegou imediatamente num dos paraquedas e saltou. Restava portanto apenas um paraquedas. O bispo olhou para o escuteiro e disse: "Meu filho, eu já vivi o suficiente. Por isso, acho que deves ser tu a usar o paraquedas. Estou pronto a morrer..." Mas o escuteiro observou: "Mas, isso não é necessário, sr. Bispo. Temos ainda dois paraquedas!" "Dois paraquedas? Como é isso possível, se o génio já saltou?" - disse o bispo surpreendido. "Sim... Mas o génio saltou com a minha mochila!" - comcluiu o escuteiro."
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JOSÉ FLÓRIDOREFLEXÕES Histórico
Março 2017
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