A Justiça tem por objetivo o restabelecimento do equilíbrio. Por isso, a "Balança" é um dos símbolos da Justiça. Assim, quando um dos pratos da balança se desequilibra, temos de colocar no outro um determinado peso, a fim de repor o equilíbrio.
Mas, se o equilíbrio dinâmico está sempre presente no Universo, as leis humanas, procurando, na medida do possível aproximar-se da Justiça equilibradora do Cosmos, é ainda muito imperfeita. O equilíbrio neste mundo está muito longe de ser obtido, visto que os magistrados, interpretando muitas vezes as leis, de acordo com o seu ponto de vista, cometem erros gravíssimos. Shakespeare, num conto intitulado "O mercador de Veneza" documentou deste modo a imperfeição da justiça humana: "Shylock, um grande usurário, emprestou três mil ducados ao mercador António, assinalando no contrato que se António não lhe pagasse na data combinada, ele, Shilock, ficaria autorizado a tirar uma libra de carne do corpo de António. Quando chegou o dia aprazado, António, cujos navios tinham naufragado com todos os seus bens, não pôde entregar o dinheiro a Shilock. Este levou o caso para tribunal, exigindo, sem piedade, que António lhe entregasse, como ficara determinado, uma libra da sua própria carne. O tribunal vê-se obrigado a mandar cumprir a sentença. Mas, um juíz, (que era, na verdade, uma mulher disfarçada), intervém. Pede uma balança e pede a António para descobrir o peito, a fim de Shilock tirar uma libra de carne. Contudo, adverte Shilock que não deve derramar uma única gota de sangue, visto que o contrato só menciona a carne. Impõe, por isso, essa condição a Shilock: Se ele, ao retirar a libra de carne, fizer correr uma só gota de sangue, a sua fortuna seria confiscada. Evidentemente, Shilock teve medo e quis retirar imediatamente a sua queixa. Mas, o juiz (a tal mulher disfarçada) insistiu e acrescentou: "Se reduzires ou aumentares o peso combinado, nem que seja no correspondente ao peso de um cabelo, morrerás e todos os teus bens serão confiscados". Por fim, tudo se resolveu, graças à sabedoria e à inteligência desta mulher, que compreendera a imperfeição da justiça humana."
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JOSÉ FLÓRIDOREFLEXÕES Histórico
Março 2017
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