Ultimamente, alguns amigos comentaram textos que escrevi, argumentando que tinham sido omitidos aspetos importantes ou que não esclarecera completamente certas ideias. Agradeço a sua intervenção crítica. Para mim, é sempre construtiva, independentemente do modo como possa ser expressa. Insisto, no entanto, neste ponto: Não sou proprietário de ideias. Se são verdadeiras, pertencem a todas as pessoas que as forem capazes de compreender; se não forem verdadeiras, então não tenho qualquer motivo para me sentir orgulhoso de as possuir. Devo, contudo, contrapor, em resposta a essas críticas que se não digo tudo aquilo que os Amigos propõem, deve-se a três razões fundamentais: A primeira (e talvez a principal, é porque sei muito pouco; a segunda, é porque mesmo que soubesse tudo, seria apenas capaz de comunicar uma pequena parte; a terceira, é porque reconheço que o mais que posso fazer, não é "expressar", mas "ir expressando" as ideias, na medida em que, provavelmente, me vou também autodescobrindo. Poderia ainda acrescentar uma quarta razão: A de que nunca me seduziu um processo "lógico" de pensar. De modo que é frequente contradizer-me. Assim, se hoje sou capaz de responsabilizar o avanço tecnológico pelos desastres ambientais e pela decadência moral da humanidade, amanhã, ou mesmo ainda hoje, posso dizer o contrário: Sou capaz de dizer, com fundamento na ciência esotérica, que sem o progresso científico e tecnológico não poderemos chegar àquela Idade abençoada (de que tanto falou o Abade Joaquim e Agostinho da Silva), em que a "Criança será o "imperador do mundo".
Afinal, parece que em tudo há um "sim" e um "não". Por isso, apesar da Verdade continuar distante de nós, é muito mais aliada do "paradoxo" do que do ortodoxo ou do heterodoxo. Há uma Fonte primordial e uma Ordem inteligente em todas as coisas. Por isso, há também uma reserva infinita dentro de nós, porque todos, sem exceção, estamos ligados à Fonte de energia do Universo, Devemos pedir por isso constante inspiração, porque precisamos de saber quem realmente somos e qual a nossa verdadeira função na vida. Aproveitemos então todas as condições, mesmo as mais adversas, para trabalharmos com o pensamento: Pensemos no bem e receberemos o bem; pensemos no mal e receberemos o mal. Mas, sendo a linguagem criadora, devemos ter cuidado com as palavras e, sobretudo com os sentimentos e pensamentos que elas veiculam. Tenhamos sempre a coragem de enfrentar os problemas de cada dia, sem pressa mas com diligência. Pois, como a maldição da vida consiste em adiar o que deve ser feito "já", aceitemos então as condições de que dispomos presentemente, sem nos deixarmos vencer nem perturbar, mesmo que essas condições nos pareçam impossíveis de ultrapassar. "No mundo só terás tribulações... mas alegra o teu coração", disse Jesus. O pensamento, associado à natureza das emoções, determina o rumo da nossa vida. Essa é a razão por que devemos "vigiar" permanentemente os sentimentos, os pensamentos e as ações. No princípio, será certamente difícil. Tem de haver um perseverante esforço consciente. Depois, tornar-se-á, a pouco e pouco, mais suave, à medida que conseguirmos encontrar em nós o equilíbrio. Mas, não nos deixemos iludir: Equilíbrio não é controlo. No controlo há tensão, insegurança, esforço. No equilíbrio há espontaneidade, segurança, paz. Disse Goethe: "De todas as cadeias que prendem o mundo, o homem libertar-se-á quando alcançar o domínio de si próprio". Notáveis pensadores, ao longo da história, reconheceram a importância do pensamento na organização da nossa vida e na construção do nosso destino. Deixamos aqui algumas dessas referências para a reflexão do leitor: "Porque, como imagina na sua alma, assim é" (Salomão - "Provérbios") "O que espera que aconteça, acontece" (Aristóteles) "Todas as coisas estão prontas quando a mente está" (Shakspeare) "Aquilo que temes, isso mesmo te acontecerá" (Job) "O pensamento humano cria aquilo em que pensa" (Eliphas Levi) "Se podes sonhar, podes realizar" (Walt Disney) "Só fazes o que pensas que podes fazer, e só consegues o que pensas que podes conseguir" (Walter Germain) É necessário não interpretarmos levianamente o que se diz a respeito de transformações imediatas que se operam na nossa vida, como pretendem certos autores de livros pseudo esotéricos, Na verdade essas transformações são realmente imediatas. Mas os resultados nem sempre são visíveis com o brevidade que desejamos. Para o Universo, o Tempo e a Vida são valores diferentes dos nossos.
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JOSÉ FLÓRIDOREFLEXÕES Histórico
Março 2017
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