O Mestre Chuang Tzu disse que o verdadeiro sábio confia no equilíbrio natural do céu (Tao). Mas, não é desse modo que a maior parte das pessoas encara as diversas situações da vida. Disso nos dá testemunho a seguinte parábola: "Um tratador de macacos, referindo-se às rações de nozes que cada macaco devia receber, disse que cada um receberia três nozes pela manhã e quatro à noite. Mas, por causa dessa decisão, os macacos ficaram furiosos. Então, o tratador decidiu que eles passariam a receber quatro nozes pela manhã e três à noite. Com essa alteração, todos ficaram satisfeitos. A diferença residia apenas numa avaliação subjetiva da situação. Também nós consideramos certas situações injustas e, por isso, exigimos uma alteração das regras sociais. Ficamos satisfeitos se essa alteração se verificar porque,a partir daí, os factos nos parecem ser mais favoráveis. Mas, às vezes, é pura ilusão. Ignoramos ou esquecemos que o equilíbrio tem de ser, mais cedo ou mais tarde restabelecido. É uma lei universal. De modo que se essa alteração for, agora, a nosso favor, é provável que uma alteração posterior possa vir, dessa vez, em nosso desfavor. Mais uma história de nozes: "Um lavrador entrou num café de aldeia, onde estavam reunidas várias pessoas. Trazia com ele um saco de nozes. "Que trazes aí? - perguntou um dos presentes. "Trago nozes. E tenho a intenção de as distribuir por vocês" - respondeu o lavrador. Todos ficaram admirados. Então, o lavrador continuou: "É verdade. Quero realmente oferecer-vos estas nozes. Mas, primeiro, digam-me como desejam que as distribua: À maneira de Deus ou à maneira dos homens? Como preferem?" Os aldeões olharam uns para os outros, desconfiados. Pensaram um pouco e, considerando que os homens são muito avarentos e Deus muito generoso, disseram ao lavrador que preferiam que ele as distribuísse à maneira de Deus. Então, o lavrador mergulhou a mão no saco e apanhou algumas nozes que deu a um deles; em seguida, pegou numa única noz que deu a outro; passou a um terceiro a quem não deu nada; e, quando chegou a vez do quarto, deu-lhe o resto das nozes. As pessoas, surpreendidas, exclamaram: "Mas que justiça vem a ser essa? Tu tinhas dito que nos davas as nozes à maneira de Deus e, afinal, procedes desse modo?" "Mas foi isso que eu fiz - respondeu o lavrador. Deus dá pouco a uns; a outros não dá nada; e a alguns dá tudo."
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JOSÉ FLÓRIDOREFLEXÕES Histórico
Março 2017
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