, O equilíbrio é a chave da salvação. E, se o Universo é um equilíbrio dinâmico, o homem, sendo um Microcosmos, é também um "equilíbrio dinâmico". A lei que expressa este equilíbrio é aquilo que se designa por "karma" - palavra sânscrita, vulgarmente traduzida por "destino". Por isso, é costume dizer-se: um "bom karma" ou um "mau karma", querendo sinificar um "bom destino" ou um "mau destino". Contudo, esse significado não é inteiramente correto. Ainda que possa haver uma certa aproximação, o que a lei do Karma expressa na realidade é a ideia de "equilíbrio dinâmico do Universo", que abrange todos os seres.
A lei do Karma é também conhecida por lei da Causa e Efeito. Quer isto dizer que qualquer ação (boa ou má, correta ou incorreta) recebe a resposta correspondente. É essa resposta (o Efeito) que restabelece o equilíbrio. Poderá não ser uma resposta imediata ou, mesmo que seja imediata, não ter um efeito visível. Porém, inevitavelmente, o equilíbrio será restabelecido. Nisso consiste a Justiça do Universo, sendo interessante salientar que a "Balança", expressão do equilíbrio quando os dois pratos se encontram ao mesmo nível, tem representado sempre um símbolo da Justiça: No antigo Egito, Osiris servia-se de uma balança para pesar as almas dos mortos, a fim de avaliar se elas eram merecedoras de prémio ou de castigo. Tal representação da Justiça sugere, evidentemente, a ideia de Equilíbrio. É importante no entanto sublinhar que se o equilíbrio tem de ser restabelecido, nós desconhecemos quase sempre como se processa esse restabelecimento. Algumas expressões que se vulgarizaram, (mas que não deixam de revelar uma sabedoria enraizada na alma do povo), assinalam esta verdade. Todos conhecemos essas expressões: "O que o homem semear é aquilo que há de colher"; "Quem com ferro mata com ferro morre"; "Quem semeia ventos, colhe tempestades", etc... Contudo, esta questão não é assim tão simplista. Pois, o que se passa à nossa volta, parece nem sempre confirmar esta realidade. Vemos, com efeito, pessoas muito egoístas, e que nada fazem para auxiliar os outros, serem beneficiadas em todos os aspetos. O que levou até o nosso grande poeta, Luis de Camões, àquele seu desabafo sobre o "desconcerto do mundo", dizendo que os maus viviam num "mar de contentamentos", enquanto os bons eram vítimas da sociedade. Porém, por muito respeito que nos mereça a grandeza humana e poética de Camões, a sua "lógica" (que também é muitas vezes a nossa) não é a Lógica do Universo. Por isso, não nos compete a nós percebermos como o Equilíbrio é, ou será, restabelecido. Mas, por uma intuição supra racional, temos a certeza que, mais cedo ou mais tarde,será restabelecido. "O verdadeiro sábio confia no equilíbrio natural do Céu", como disse o mestre taoista Chuang Tzu na parábola que citámos numa reflexão anterior. Note-se, contudo que, se assim não fosse, (isto é, se o Equilíbrio não se restabelecesse em todos os aspetos da vida humana e universal), os Evangelhos estariam errados, todos os Mestres estariam errados. No entanto, basta um olhar atento para o estado caótico em que o mundo se encontra para se perceber (embora sem se compreender inteiramente), que a lei do equilíbrio é uma realidade. Observemos como a natureza, (desequilibrada em grande parte por culpa do homem) usa meios cada vez mais violentos para se reequilibrar. Sismos, tempestades, maremotos... Tudo isso é um processo, ainda que violento de restabelecer o equilíbrio. E há veja nisto um castigo divino. Mas, não devemos pensar assim. A ideia de castigo ou de vingança pertence ao homem. Não ao Universo. O Universo é um equilíbrio dinâmico. Portanto, todo o fator desequilibrante (seja de natureza física ou moral) exige, da parte do Universo, uma resposta equilibradora. Por exemplo: Se um pêndulo oscila num determinado sentido, isso significa que, para retomar o equilíbrio, precisa de oscilar em sentido contrário. E a oscilação será tanto maior quanto maior for o desvio no sentido oposto. Evidentemente que não há aqui qualquer ideia de castigar ou de punir. É somente uma lei da Física, nada mais. Mas, voltamos a perguntar: É verdade que o homem tem de colher sempre aquilo que semeou? Na próxima Reflexão, voltaremos a abordar este assunto, referindo-nos a outra Lei universal que, sem contrariar a Lei do Karma, antes a completa e esclarece. É a Lei da Graça.
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JOSÉ FLÓRIDOREFLEXÕES Histórico
Março 2017
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